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Galvão, Sperry e outros mestres comentam sistema de graduação à faixa preta de Jiu-Jitsu


* A opinião é quase unânime: a entrega da faixa preta para um praticante de Jiu-Jitsu, hoje em dia, anda sem critério. Para entender um pouco mais sobre como a comunidade da arte suave vê o tema, a TATAME entrou em contato com alguns nomes referências no esporte.

Zé Mario Sperry, por exemplo, remeteu à época de Carlson Gracie, formador de alguns dos melhores faixas-pretas do mundo na atualidade, mas lembrou que hoje em dia os tempos são outros.

“Na minha época, o Carlson Gracie dava pelo mérito, mas eram outros tempos. Hoje, com o profissionalismo, acho que seria uma coisa para uma Confederação ou Federação no topo da gestão definir. Traçar uma estratégia para fornecer as faixas pretas”, afirmou Mario Sperry.

Já Sylvio Behring foi mais incisivo. Formador de grandes lutadores e referência em defesa pessoal, o presidente da CBJJD (Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Desportivo) criticou.

“É bagunça porque é bagunça mesmo, não tem critério nenhum. Faixa-marrom deveria passar pelo menos um ano em provação, assistindo seminários e se preparando para a preta”, disse o faixa-vermelha Behring, que teve o seu ponto de vista compartilhado por Chico Mendes.

Rogério Gavazza, João Alberto Barreto e Sylvio Behring durante os treinos (Foto FlashSport)



“Sinceramente, acho que tem muita gente dando faixa preta sem ter noção do que é isso. Teve um professor que graduou a esposa da faixa azul para faixa preta só para ir dar aula na Arábia. Pior que não é só um caso não, tem muitos outros faixas-pretas falsos ou faixa-preta de avião (embarcou para outro lugar se gradua). E ainda tem professor/mestre que assina por essas pessoas. Eu cresci aprendendo que para ser faixa preta de Jiu-Jitsu tinha que saber Jiu-Jitsu com quimono, sem quimono e defesa pessoal. Lembro que muito poucos que pegavam a faixa preta sem nunca terem lutado. Hoje em dia a coisa anda diferente”, criticou Mendes.


André Galvão é um dos princilais lutadores em atividade (Foto Eduardo Ferreira)



André Galvão, por sua vez, foi mais profundo. Segundo o lutador - e também mestre -, a faixa preta representa muito mais do que apenas o conhecimento técnico do esporte, e sim uma filosofia de vida, uma responsabilidade de sempre ser o exemplo dentro e fora do tatame.

“A faixa preta é merecida por tudo o que você faz pelo esporte, não só em campeonatos, como também com as pessoas da sua academia. O faixa-preta deve ser uma pessoa exemplar, alguém que as pessoas olhem como um ideal a seguir. Tem gente que pega a faixa preta e fica muito poderoso, é algo com que deve se tomar cuidado. A pessoa deve ser disciplinada, um exemplo dentro e fora do tatame. Não é bacana a pessoas receberem a faixa preta em um período muito curto. O Jiu-Jitsu é uma arte complexa. Enquanto ela não estiver apta a ensinar, não saber o que é formar um aluno, ela não deve receber a faixa preta. Acho que tem muita gente focada no dinheiro. O Jiu-Jitsu é uma área na qual você vai começar a fazer a dinheiro no momento em que abre uma academia e tem seus próprios alunos. É difícil fazer dinheiro como atleta, as pessoas lutam mais por amor. E nisso, alguns confundem as coisas e acabam achando que o Jiu-Jitsu é como o Caratê ou Taekwondo em que se devem dar as faixas de forma rápida. Antigamente as pessoas demoravam 10, 12 anos para pegar a faixa preta, e hoje tem muita gente querendo pegar em três, quatro anos. A galera sabe o poder da faixa preta e tem pressa para fazer dinheiro. Mas por dentro você sabe se é merecedor. Quando a faixa é amarrada em quem não merece, a pessoa só vai passar vergonha”, opinou André Galvão.


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